sábado, 16 de fevereiro de 2008

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Eduardo P. Coelho (de novo) através do olhar de Mme. Lou lou, cujos e-mails são praticamente o meu oráculo do cotidiano.
Merci.



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I I

Os pares corriam contra as paredes- e embatiam nelas. A chuva ouvia-se lá fora.
Estavam fechados num barco, numa casa de campo, num bar à beira da estrada.
Dançavam sobre pregos e facas, lançando berlindes para iludirem a dor.
Ele soltava gemidos ofegantes. Ela lançava sobre o rosto amado a massa densa dos
cabelos um tecido granuloso de compaixão e ódio. Corriam à espera de uma palavra,
de um momento de paz, de uma fresta abrindo-se na tempestade.
Exaustos, esvaídos de energia, mergulhados no filtro do amor, erguim-se
os olhos vazios como lâmpadas apagadas e corriam contra as paredes,
batendo nelas com as mãos.
I
E os dois trocaram gestos de luz- nada mais do que isso, mas era preciso.
Dançavam em silêncio.

(Eduardo Prado Coelho, a razão do azul.)

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