segunda-feira, 30 de junho de 2008

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Excesso de sal, açúcar e soco


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Eu te acordei aos berros e chutes, abrindo as venezianas e te cegando com a luz da manhã.
Eu te acordei com uma mensagem no celular para falar que Paris é a cidade mais linda em que já estive.
Eu te acordei para tu concordar mas também para dizer que francofilia é démodé.
Eu te acordei para discutir a tua vida no horário do almoço, entre os excessos de sal, açúcar e soco.
Eu te acordei para tu poder adoecer sem mim, mas com uma carteirinha.
Eu te acordei para tu dar tchau sem dar.
Eu te acordei para te mostrar que a distância entre nós não pode ser medida em duas horas de ônibus.
Eu te acordei para tu ver a morte naquela boléia.
Eu te acordei para bachelorette no volume 32.
Eu te acordei para tu dispensar o troco do taquis.
Eu te acordei para tu elogiar a tua amiga.
Eu te acordei para tu ler o que tava escrito AQUI... e ali.
Eu te acordei para tu dançar de felicidade.
Eu te acordei para tu dizer sim.
Eu te acordei para o inesperado.



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sexta-feira, 27 de junho de 2008

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"para que duas pessoas nunca se toquem -- ficando assim próximas do desejo e das partes internas do amor -- a pressa é hábil, lenta e hábil. sou eu que se confia ao tempo destas imagens que me são violentamente nítidas e à incisão das ideias que nunca me trocam de planos ou fazem viver fora da vida. planeio assim uma trajectória de entrada do meu núcleo no teu:
belíssimos temporais de inverno que nos infundem numa serenidade autista e uma paz tensa e enraizada que nunca vamos ter de explanar.
ser-me-á sempre possível respirar tão fundo a ponto de cair para trás, ter o dom de parar os olhos em ti e rasgá-los com uma voz que te seja indistinta.
irei contigo a todos os lugares e não pertencerei a sítio nenhum.
quero que saibas da minha necessidade universal de perder o ar pois só estancada saberei nadar pelas paredes fora. já viste as árvores geladas de inverno? impassíveis cortinas ___ e eu.
poderei dizer mais ainda?

na minha boca rebenta a espuma assimetricamente anterior a tudo isto."

dia por ama
ana calhau e eduardo prado coelho
texto editora, 2004.

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(extraído da página da minha amiga, lou lou)

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quarta-feira, 25 de junho de 2008







Eu___________________________________________________foria,

naquela noite,
acreditou

faria diferença no discurso
a troca
da vogal pela consoante

el___foria

não importa o gênero
atrelado à primeira pessoa
o verbo ainda não vai

ganha tempo,
enxuga

estas tuas lágrimas
estes poucos traços,
elforia

des cansa




sábado, 14 de junho de 2008

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- olha o meu piercing.
- parece uma lágrima.

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meses sem vê-lo.
foi o único que entendeu.

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