sábado, 28 de março de 2009




Réquiem para /carrrne


Nenhuma dessas doenças dos tempos de hoje é tão destrutiva e insuportável quanto o desespero de pisar numa bosta de cachorro!


Se procurar pelo autor da frase, não encontrará registro algum. Nada. Nem poeira de caracter nem vestígio de pixels. Não adianta especular, consultar os universitários ou buscar no googleráculo. Essa frase, existindo aqui nos meus registros, é como se nunca tivesse existido. Mas ela existe, sim. Em algum rincão virtual, está no /carrrne entre 2005-2009.

Trepanação, VLFN, guerra, Flaming Lips, Gamboa, Alcione, podridão, candura, breguice, Jodorowsky, Mano Lima, Roberto Carlos, carneirinho, Carneirinho, Bethinha, Carneirão, Jesus, Beck, monstro do abajur, BEC, Lamounier, Sopranos, Sônia Rocha, Rangel, sóbrios, bêbados, bárbaros, lhamas, capivaras, Tinico, flyers, Inter, amores, império, implicâncias, grosserias... Carne, carne, carne, lã e muita carrrne.

É evidente que foi paixão à primeira interrogação. Não que lá objetivamente estivessem -- até porque o /carrrne estava cansado de se auto-referir como: "eu sou um aleatório". Contudo os posts eram irremediavelmente uma provocação, fossem pelas imagens (convencionais, imagéticas) ou pela linguagem (própria -- repleta de regionalismos, gírias, neologismos --, humor, senso crítico e qualidade literária de muita).

Há pouco mais de um ano que eu descobri que a carne era saborosa, dava barato e viciava. Mas também que comendo carne (freqüentemente) se moía vidro. Achei contraditório, incoerente e detestável. Por isso amei e virei fã -- daquelas que tinha grafado no (jurássico) papel de agenda as datas (e algumas frases soltas) dos posts que mais gostava e não desistiu até que os amigos vissem todas as maravilhas que via.

Toda essa memória e dimensão da carne tá perdida por aí no estômago de algum banco de dados -- se é que já não foi digerida. Mas sem chororô porque desapareceu da melhor forma possível, aleatoriamente -- do jeito que começou. Inesperado, rápido e rasteiro. Surpreendeu todo mundo, inclusive ele próprio. Golpe de mestre!

Vida longa à carne nova então!
(ou não!)

***

/dercy_vive. Fotolog.com. 26/03/09.