segunda-feira, 24 de março de 2008

"A solidão é uma forma de morte".
Viver é cercar-se do fluxo dos outros.

Extrato da biografia que estou lendo de mademoiselle Simone, cujo discurso feminista, em grande parte do tempo, não ultrapassou a própria boca.

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(hoje, retomei a ferramenta de comentários; ontem, apaguei outro post. E aqui é assim mesmo.)

domingo, 23 de março de 2008






Fermentação



Dois dias sem dormir, nadando e vivendo de peixe, trouxeram-me aqui.
Estou vagando pela selva ágrafa.
Quero escrever as palavras no meu corpo porque elas insistem em fugir de mim.

Fito o espelho ao lado da cama e o que vejo é o cavalo.
humilhado e ofendido.
não me venha com o relho, o que estou precisando é de um afago.


segunda-feira, 10 de março de 2008

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Amor em grau

como dizia a propaganda, por que continuo a pensar inho se posso pensar ão?

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sexta-feira, 7 de março de 2008

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A menina que bateu o dedo no ventilador.
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- Alô.
- Alô. Mmm... Quem tá falando?
- É a Priscila.
- Oi, Priscila. É a ______, do mercado. Tu esqueceu o teu fichário aqui. Encontrei teus dados na tua agenda e, como não voltou procurando-a, resolvi ligar.
- Ah... Tá. (dou-me conta que estou sem o meu material há dois dias, prossigo.) Mas... Que mercado?
- Aquele... O que tu bateu o dedo no ventilador do refrigerador.
- Ah, sim. Sei. Daqui a pouco, passo aí para buscar. Muito obrigada por avisarem.
- De nada. Até logo.
- Até.
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Faz pouco mais de um mês que freqüento esse mercado aqui na José do Patrocínio. Ainda não decorei o nome do estabelecimento, o qual carinhosamente tenho chamado de o armazém porque me remete aos tempos de infância e aos mercad(inhos) de bairro lá em Caxias.
Não lembro com exatidão quando ocorreu a primeira visita, contudo creio que foi na semana que o Vander ainda estava no HPS, em coma. A minha cabeça andava mais confusa que o normal dado não apenas o que suscedera ao meu melhor amigo, mas ao inicío do consumo da carne.
Enfim... Recordo-me de, numa tarde de calor senegalês daquela semana, ter me batido uma sede de suco de limão incrível - e uma preguiça ainda mais inacreditável, assim não conseguiria ir até o Zaffari ou Nacional das redondezas. Coloquei o pé para fora do condomínio rezando para topar com alguma bodega aberta e pedir um resfresco azedinhodoce.
As minhas preces foram alcançadas uma vez que me dei conta da existência do armazém do outro lado da rua e avistar, já na entrada, a linha Gatorade. Ah, que delícia.
No ímpeto de pegar uma garrafa gelada, mergulhei dentro do refrigerador e, ao tatear as dezenas de garrafas plásticas com líquidos coloridos, distrai-me e quase tive o dedo amputado pelo ventilador do refrigerador. Os funcionários do mercadinho ficaram bem mais preocupados que eu com o in/acidente digital. "Tu teve sorte em não perder a unha ou a ponta do dedo", diziam. "Estou com a cabeça longe. Meu amigo tá hospitalizado e não consigo me concentrar em nada", retruquei. E então, muito solicitamente, fizeram um curativo no me dedo indicador direito.
Desde esse dia, sou conhecida pelos funcionários como "a menina que bateu o dedo no ventilador". Eles sempre perguntam do meu dedo - que nem sequer aparenta cicatrizes - mas tudo bem.
Agora, além dessa alcunha, sou "a menina que esqueceu o fichário". A menina que vive com a cabeça na lua, entretida num mundo que é só seu e que se basta sem agendas ou planos de aula.
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Realmente, tenho mais sorte que juízo, como diaria a dona Maria Trindade, mi madrecita. Desde a adolescência tenho enfrentado fortes dificuldades de concentração e memória. Não é a toa que as pessoas mais próximas foram apelidadas de HD (hard disk ou, no bom português, disco rígido) e, as demais, pen drives. Constantemente, estão me lembrando de coisas que disse ou fiz que nem faço idéia que foram processadas (devo operar só com os meus 256 de memória ram). Dizem que isso está relacionado ao meu quadro de bipolaridade - a alguma difunção no hipocampo ou semelhante - por isso alguns dos meus remédios tem como função corrigir este desvio. Que seja. Mesmo assim, com o passar dos anos e das crises, a caixola anda de mal a pior. Extravio de chaves, documentos, textos y otras cositas más. Portanto, se tu encontrares alguma coisa minha pelos teus rincones, por favor, atenta-me quando ao fato porque eu, meu bem, sou uma velha caduca.
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quinta-feira, 6 de março de 2008

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Linha divisória
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Ontem (quarta-feira), no caminho de volta da universidade para casa, pensava sobre os eventos que foram divisores de água na minha vida. Quando cheguei em casa, abri a minha correspondência eletrônica e lá estava um e-mail da minha amiga oráculo, mme. Lou lou, cujo título era praticamente homônimo ao tema das minhas reflexões. Resolvi postá-lo ipsis literis.
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_________se ele ainda estiver a dormir quando eu voltar ao quarto, e o clavicórdio continuar a reger o abismo com a sua simples presença e a sonoridade que pressinto, sento-me à entrada da ausência, aspirando o meu vagar nocturno e o movimento dos músculos das árvores,
lugar particular ali,
lugar universal aqui
(maria gabriela llansol. amigo e amiga. curso de silênco de 2004.assírio & Alvim,2006)
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domingo, 2 de março de 2008

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Para abrir o corpo e massagear as vísceras.


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Página 63.

(Maria do Rosário Pedreira, enviada pela minha amiga cariocasanguebom, Lou Lou.)

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"amada amiga

são as portuguesas que devoram cada cando do corpo, fazem de nós filete de esperança.... d'outro dia voltar, chegar nem que seja para vir apanhar os livros, soltar as palavras que olvidou-se.

beijocas em ti.
xoxoxoxox

Loulou seu oráculo."

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