terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Le beau est toujours bizarre.

Acordei há, aproximadamente, meia hora (agora, são 7h10). Completamente desencontrada e com a sensação de que estava no antigo quarto na casa dos meus pais, em Caxias.
Esse despertar foi precedido por um pesadelo (daqueles sem nenhum sentido, misterioso e... inenarrável) que também se passava naquela cidade. Muitas lembranças e sensações - que há quase uma década não experimentava - foram invocadas por essa traquinagem da mente.
Asfixiada pela angústia, pensei: algo bonito vai me colocar de volta nos eixos. O computador estava ao lado e, ao alcance de um clique, muitas imagens belas - sobretudo aquelas das flores que o Estevão, meu amigo virtual, enviou-me uns meses atrás.
Entretanto, perdida na pasta dos "meus arquivos recebidos", a que me chamou à atenção foi a bizarrice dessa imagem dos pés sendo atados. E decidi que seria esta mesma a alegoria do post.
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(a água ferveu, estou preparando um chá. de camomila porque a nona fala que é bom para quem sofre dos nervos. Penso que deveria voltar a colecionar chás: descobrir novos aromas, combinações de plantas, origens e gostos. Era uma pilha legal aquela do chá. Fui muito feliz quando o armário da sala era repleto de florzinhas desidratadas que coloriam e aqueciam as minhas tardes.)
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A estratégia da imagem não funcionou. Tentativa e erro, prossegui.
Então decido abrir a janela, algo que raramente faço porque não suporto receber a intensidade da luz (sobretudo as das manhãs) toda, de uma única vez. Costumo abrí-la aos poucos, assim o dia vai me conquistando e me preparando para noite.
Aqui, através da moldura do nono andar, a cidade que me acolhe é fria e cinza, mas está próxima - e isso já é suficiente para me confortar. E eu me acalmo um pouco...
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Penso no colo da mãe e nos bolinhos de chuva que ela tem se negado em preparar porque engordei - e ela acha que são muito calóricos, logo não deveria. (tudo bem, mãe, isso me incomoda, mas eu te entendo.) Acho que estou com saudades.
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Dificuldade em me concentrar e dos pensamentos se afinarem um ao outro. Uma mistura de cansaço e loucura me fazem companhia.
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O chá já está morno.
Vou bebê-lo nos braços de concreto e fechar a janela para tentar descansar mais um pouco.
Vou quebrar aqui.
Dorme, Priscila, dorme.
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