segunda-feira, 10 de novembro de 2008




7. e quando cansamos de tudo. Quando cansamos de tudo foi que conseguimos que os pássaros voassem. À noite anterior encontramos a fórmula do vôo, e era banal, e cada um ensinou ao outro que a altura não é altura, que um homem que prende pássaros não sabe vê-los: soltamos as aves de verdade, prendemos as de arame. Abríamos cada gaiola, abrindo, no mesmo abrir, a porta de nossas casas. Pássaros foram saindo, fazendo o bonito barulho das penas. A alguns, necessário era a ajuda de nossas mãos para que acreditassem que estavam mesmo livres. Muitos pássaros haviam morrido e, mesmo aqueles que estavam secos, pareciam, pois, mais livres que nós. Vontade de morrer, aquela vontade nova que começávamos a sentir. Como nuvem carregada, eles foram enchendo o pavilhão. "Se chover pássaro, eu quero tomar banho pra me sentir livre", alguém teria falado, ou todos nós, ao mesmo tempo (...)".

A.M.







Nenhum comentário:

Postar um comentário

Com gentileza, por favor.