sexta-feira, 27 de junho de 2008

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"para que duas pessoas nunca se toquem -- ficando assim próximas do desejo e das partes internas do amor -- a pressa é hábil, lenta e hábil. sou eu que se confia ao tempo destas imagens que me são violentamente nítidas e à incisão das ideias que nunca me trocam de planos ou fazem viver fora da vida. planeio assim uma trajectória de entrada do meu núcleo no teu:
belíssimos temporais de inverno que nos infundem numa serenidade autista e uma paz tensa e enraizada que nunca vamos ter de explanar.
ser-me-á sempre possível respirar tão fundo a ponto de cair para trás, ter o dom de parar os olhos em ti e rasgá-los com uma voz que te seja indistinta.
irei contigo a todos os lugares e não pertencerei a sítio nenhum.
quero que saibas da minha necessidade universal de perder o ar pois só estancada saberei nadar pelas paredes fora. já viste as árvores geladas de inverno? impassíveis cortinas ___ e eu.
poderei dizer mais ainda?

na minha boca rebenta a espuma assimetricamente anterior a tudo isto."

dia por ama
ana calhau e eduardo prado coelho
texto editora, 2004.

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(extraído da página da minha amiga, lou lou)

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