sabes do primeiro sopro?
da inspiração que finda num suspiro
rasgando a densidade que rodeia o ar?
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
sábado, 13 de dezembro de 2008
Eduardo Coutinho -- dizem que é documentarista; para mim, um dos maiores etnógrafos contemporâneos.
(Coutinho) - A senhora reza de tudo, espinhela caída...
(Mariquinha) - Peito aberto, dor de cabeça, dor de dente. Olhado, quebranto, ventre caído. Triação. Mal vermelho. Tomar sangue de palavra. Espinhela caída é o cabra rezar aqui [mãos sobre os ombros] com uma trouxa de cinza, né? E alevantar os braços aqui, três vezes. E puxar aqui nas orelhas.
(C) - E a reza, qual é? E as palavras?
(M) - Não digo, não. Ninguém ensina, não, que não serve.
(C) - Sempre deu certo?
(M) - Deu. Toda vida. E tudo isso só vem pra minha casa.
(C) - A senhora cobra? A senhora cobra dinheiro?
(M) - Nunca recebi nada. Que reza não se vende. Vende?
"Sente, menino. Prá cá, rapaz. Pobreza não pega em vocês, não. (...)
A vida é um parafuso: só quem distorce é Jesus, né? No dia de chegar."
Assis, sertanejo do sítio de Araçás, Paraíba.
(esses são alguns momentos do documentário que acabei transcrevendo tamanha a dimensão dos significados dos temas abordados. sem dúvida, o 'olhar' da equipe do coutinho é extraordinário!)
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
- Fireball!
Foi a única palavra que conseguiu pensar enquanto ainda estavam abraçados. Sentia o calor se formando no centro, envolvendo-lhe cada fibra muscular até as extremidades do corpo, proporcionando uma sensação jamais experimentada. Não foi necessário mais que alguns minutos para reconhecer o potencial viciante daquela droga selada pelo encontro em duo. Resignou-se. Ciente da vulnerabilidade àquele princípio, passivamente, aceitou a mudança de cor. Eu____foria tingida de novo (ao menos, era o que denunciava a imagem alaranjada refletida nas gotas d’água sustentadas pelo azulejo do banheiro).
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
but it's hard to stay mad, when there's so much beauty in the world. Sometimes I feel like I'm seeing it all at once, and it's too much, my heart fills up like a balloon that's about to burst... And then I remember to relax, and stop trying to hold on to it, and then it flows through me like rain and I can't feel anything but gratitude for every single moment of my stupid little life...
últimas palavras de Lester Burnham em American Beauty (1999).
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
sábado, 22 de novembro de 2008
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
terça-feira, 18 de novembro de 2008
as palavras são o meu único bem.
é só o que eu tenho a ofertar ao mundo -- e o que posso levar dele.
é o meu maior tesouro. aquele que me é mais caro.
e eu sei disso desde pequena.
minha mãe ficava louca porque eu recortava e guardava os verbetes dos dicionários, das enciclopédias -- mesmo sem saber ler (e assim continuei após, até ela descobrir e me repreender). era algo que me emocionava mais que comprar figurinhas do Amar É ou do Alladin que eu gostava bastante à época e funcionava como moeda de troca na infância.
por isso me magoa muito quando as pessoas me interpretam mal ou ficam indiferentes ante o que escrevo, fazendo pouco caso.
sabe, eu não me comunico direito. tropeço nas palavras, me engasgo. eu preciso da escrita para me organizar, deixar o meu pensamento fluir.
quando eu gosto, leio.
quando estou bem, escrevo.
sem um ou outro, surto.
é fato.
(e aí não tem ansiolítico ou anestésico intravenoso que resolva -- basta voltar ao meu histórico de hospitalizações.)
2007 foi o meu pior ano. além de, praticamente, não me comunicar através da fala, não conseguia escrever também. nada. nenhuma linha. parecia que eu tinha mergulhado em mim atada a uma corrente de ferro... daquelas, com uma esfera na ponta. e eu só caía. nada de chegar ao fundo do oceano, tão pouco de emergir.
mas, agora, estou aqui.
cada um desses traços, desses pontos, dessas coisas repletas de sentidos me levam de volta ao lugar de onde vim, ao mesmo tempo que me guiam para onde quero chegar.
é só isso:
as palavras são o meu presente!
P.S.: há expressão mais bonita que "te dou a minha palavra"?
P.S.2: seu cretino!
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
passeando pelo concreto cem cintos
sim.
sim___to
sim___tonia [as]
sim___co
..m___ti [go]
sim.
[sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim. sim.]
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Faust I - Faust und Gretchen
Die Gretchenfrage
GRETCHEN: ... Glaubst du an Gott?
FAUST: Mein Liebchen, wer darf sagen:
Ich glaub an Gott!
Magst Priester oder Weise fragen,
Und ihre Antwort scheint nur Spott
Über den Frager zu sein.
GRETCHEN: So glaubst du nicht?
FAUST: Mißhör mich nicht, du holdes Angesicht!
Wer darf ihn nennen
Und wer bekennen:
Ich glaub' ihn.
Wer empfinden
Und sich überwinden
Zu sagen: ich glaub ihn nicht!
Der Allumfasser,
Der Allerhalter,
Faßt und erhält er nicht
Dich, mich, sich selbst?
Wölbt sich der Himmel nicht dadroben?
Liegt die Erde nicht hierunten fest?
Und steigen freundlich blickend
Ewige Sterne nicht herauf?
Schau ich nicht Aug in Auge dir,
Und drängt nicht alles
Nach Haupt und Herzen dir
Und webt in ewigem Geheimnis
Unsichtbar-sichtbar neben dir?
Erfüll davon dein Herz, so groß es ist,
Und wenn du ganz in dem Gefühle selig bist,
Nenn es dann, wie du willst:
Nenns Glück! Herz! Liebe! Gott!
Ich habe keinen Namen
Dafür! Gefühl ist alles;
Name ist Schall und Rauch,
Umnebelnd Himmelsglut.
GRETCHEN: Das ist alles recht schön und gut;
Ungefähr sagt das der Pfarrer auch,
Nur mit ein bißchen andern Worten.
FAUST: Es sagens allerorten
Alle Herzen unter dem himmlischen Tage,
Jedes in seiner Sprache:
Warum nicht ich in der meinen?
- aus Faust I, Zeilen 3426-3465
(devidas ressalvas sócio-culturais aqui... para 'gente como a gente' (ocidentais, modernos, capitalistas, urbanos, ceteris ceteris)
RICOEUR, Paul. A função hermenêutica do distanciamento. In: A interpretação e ideologia. Rio de Janeiro. Francisco Alves. s.d.
"Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?"
"Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?"
"Muita coisa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras coisas
De memórias e de saudades
E de coisas que nunca foram".
"Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti".
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
terça-feira, 11 de novembro de 2008
for___a água transborda e inunda os cômodos,
cospe nas paredes,
lambe os espelhos.
e, aqui dentro, sede.
desertificando.
doendo os filtros.
PS: quem sofre dos nervos como eu -- e depende dos sais para não ficar rodopiando sem sair do lugar agarrada nas pás do ventilador de teto -- precisa beber água. muita água. água. água. água. ou amargar dores renais (e, vez em quando, hepáticas) terríveis.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
A.M.
sábado, 8 de novembro de 2008
com o desempenho.
mas... chega!
não vou entrar nesta ciranda.
(ou não agüentarei -- física e emocionalmente -- até o mestrado e o doutorado.)
fica aqui o compromisso.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
sei que estou encrencada quando passo a madrugada na cia do walt whitman e assemelhados.
e lá vamos nós outra vez... "falhar novamente. falhar melhor"______ tentar ao menos.
We Become New
(marge piercy)
(...)
You are not my old friend.
how did I used to sit
and look at you? Now
though I seem to be standing still
I am flying flying flying
in the trees of your eyes.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
sábado, 11 de outubro de 2008
nostalgia de uma nerd que saiu do armário
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
terça-feira, 23 de setembro de 2008
no limite. eu atingi o meu limite. chega de vertigem. eu tenho um limite afinal. eu me joguei. de costas. de olhos e punhos fechados. mas pulei. eu tenho um limite. elástico. filosófico. relativista. mas um limite. eu gosto de ti. eu tento gostar de ti. só de ti. e consigo. e... eu gosto muito de ti. e não espero nada em troca -- pela primeira vez. nada. nenhuma expectativa. mas eu tenho um limite. eu descobri o meu limite. eu morro de tesão por ti. intelectual, físico... esse, não tem limite. eu entendo o teu tempo. a tua confusão. timidez. melancolia. mas o limite, ele existe e eu o tenho. será que tu tem limite? qual seria o teu limite? teria passado o teu limite e nem percebido? por favor, não seja o misterioso homem que desaparece. seja aquele que dá um pé na bunda. simples, direto. honesto e elegante.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Eu_____foria cravou um prego no meio da cara por _____. mas também para nunca cair em tentação (e crer) caso alguém sussurrasse: "que bonita!".
as pessoas, então, fitavam-na e sentiam asco. dor. horror. e, quando a elogiavam, tratava-se do prego.
não mais precisava ser bonita, embora -- para alguns -- às vezes, fosse.
Eu_____foria feliz.
(seis letras ocupavam muito espaço no universo dos nomes.)
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
sábado, 23 de agosto de 2008
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
à
inércia de alice sem natália nunca foi:
é teu aniversário e mal consegui estruturar uma piadinha na tua página de recados. não se trata de descaso ou falta de inspiração. é amor demais, entende?! desses que não se medem pela linguagem; desses que expressam mais que aquilo que está nos livros ou nos filmes que a gente gosta ou pira em cima. um amor que me é tão caro. bonito, maduro, constante. e só faz crescer.
mas também
à
natália com inércia sempre alice:
... quando tu acorda verde. vira pó. ou faz questão que eu ouça o coro da letônia: eu te amo. quando tu me abraça. a gente ensaia. ou vira uma camiseta suja na máquina de lavar: eu te amo. quando tu tá lacônica. chulezenta. ou com dor de barriga: admito... eu amo também.
sem etiqueta,
embalagem
ou fórmula
te amo assim. da maneira que eu sei e acredito. e não, não é o convencional das declarações dentro.do.olho.dentro, mas é amor. muito amor.
que tu SEJA
sempre
é o que te desejo hoje.
um beijo,
priscila.
terça-feira, 29 de julho de 2008
sábado, 19 de julho de 2008
meu amor não é perfeito
amor perfeito é nome de planta do jardim da casa da mãe. ou da música do deschamps. ou do conto do altair. ou algo que se degusta em restaurante de elite com um vinho branco caro. uma violácea dessas que não atingem a altura de uma régua escolar. de flor única. e breve. deveria se chamar amor platônico. já vi cultivarem em floreira de apartamento e não dar certo. meses esperando o broto ideal e... uma lástima. me disseram que o interessante é ir apanhando as sementes pelo caminho e ver no que é que dá - resistir àquelas mecanicamente separadas e rotuladas em saquinhos coloridos vendidas no supermercado. encher as mãos. ambas. jogar tudo na terra. observá-las despontar cada uma a seu tempo até ficarem iguais nas suas diferenças. contemplá-las. até que se arranjem em um belo buquê aristotélico.
sexta-feira, 11 de julho de 2008
quarta-feira, 9 de julho de 2008
(...)
Et je crie
Je crie pour toi
Je crie pour moi
Je te supplie
Pour toi pour moi et pour tous ceux qui s'aiment
Et qui se sont aimés
Oui je lui crie
Pour toi pour moi et pour tous les autres
Que je ne connais pas
Reste là
Lá où tu es
Lá où tu étais autrefois
Reste là
Ne bouge pas
Ne t'en va pas
(...)
Cet amour, de Jacques Prévevert
sábado, 5 de julho de 2008
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Reminiscências, empadinhas e coca-cola
15 de março de 2007.
meu aniversário. eu____foria (uma das últimas).
presente: o vander.
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quinta-feira, 3 de julho de 2008
- .
de longe é tudo um conglomerado de risquinhos tentando fazer,
irremediavelmente,
sentido.
(suspiro)
para nos riscar na carne.
só.
e ardem.
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BORGES, Natália. BORGES, Priscila. Comentários da Eu____foria I. Caxias do Sul|Porto Alegre. Maio 2008.
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quarta-feira, 2 de julho de 2008
terça-feira, 1 de julho de 2008
Descolando as letras
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E então a sobrancelha congela em vírgula numa fração de segundo.
Como assim?
Essa batida de faz de conta, esse ritmo enjoado que empacota até a poesia do título da música favorita, por exemplo.
Ffffffffffffffffffffffffffff.
Sopra a minha calma.
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Troquei de estação.
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No rádio, a freqüência com nome das areias da infância, de repente, fez sentido.
às vezes sou cruel
às vezes sou bobão
a vida é confusão
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E bebo mais meio litro de água.
Hoje já é o terceiro. Água pura e sem gás, algo que eu nunca gostei.
Goles curtos que.
Acompanham as frases frouxas que não seguro e vão arrebentando nos teclados.
Outra ressaca. Nada passa dessas ondas, you know? - nem aquele "s" do sim ou das seis da tarde de ontem (o hoje em que a minha felicidade era quase palpável).
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Take it slow
things will be just fine
if you and I
just use a little
patiance
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Terceira música.
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Tiro a blusa e o espelho me devolve a marca do toco.
Mais um para a coleção.
Droga!
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Bebe mais água. O corpo não dá conta de reter tanta doçura.
Dilui e expele logo isso daí.
E chega de cristalizar onde não deve.
Eu te acordei para tu dormir, lembra?
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segunda-feira, 30 de junho de 2008
Excesso de sal, açúcar e soco
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Eu te acordei aos berros e chutes, abrindo as venezianas e te cegando com a luz da manhã.
Eu te acordei com uma mensagem no celular para falar que Paris é a cidade mais linda em que já estive.
Eu te acordei para tu concordar mas também para dizer que francofilia é démodé.
Eu te acordei para discutir a tua vida no horário do almoço, entre os excessos de sal, açúcar e soco.
Eu te acordei para tu poder adoecer sem mim, mas com uma carteirinha.
Eu te acordei para tu dar tchau sem dar.
Eu te acordei para te mostrar que a distância entre nós não pode ser medida em duas horas de ônibus.
Eu te acordei para tu ver a morte naquela boléia.
Eu te acordei para bachelorette no volume 32.
Eu te acordei para tu dispensar o troco do taquis.
Eu te acordei para tu elogiar a tua amiga.
Eu te acordei para tu ler o que tava escrito AQUI... e ali.
Eu te acordei para tu dançar de felicidade.
Eu te acordei para tu dizer sim.
Eu te acordei para o inesperado.
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sexta-feira, 27 de junho de 2008
"para que duas pessoas nunca se toquem -- ficando assim próximas do desejo e das partes internas do amor -- a pressa é hábil, lenta e hábil. sou eu que se confia ao tempo destas imagens que me são violentamente nítidas e à incisão das ideias que nunca me trocam de planos ou fazem viver fora da vida. planeio assim uma trajectória de entrada do meu núcleo no teu:
belíssimos temporais de inverno que nos infundem numa serenidade autista e uma paz tensa e enraizada que nunca vamos ter de explanar.
ser-me-á sempre possível respirar tão fundo a ponto de cair para trás, ter o dom de parar os olhos em ti e rasgá-los com uma voz que te seja indistinta.
irei contigo a todos os lugares e não pertencerei a sítio nenhum.
quero que saibas da minha necessidade universal de perder o ar pois só estancada saberei nadar pelas paredes fora. já viste as árvores geladas de inverno? impassíveis cortinas ___ e eu.
poderei dizer mais ainda?
na minha boca rebenta a espuma assimetricamente anterior a tudo isto."
dia por ama
ana calhau e eduardo prado coelho
texto editora, 2004.
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(extraído da página da minha amiga, lou lou)
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quarta-feira, 25 de junho de 2008
quinta-feira, 19 de junho de 2008
atravessamentos do virtual pelo real
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Disorder | Rating |
Paranoid: | High |
Schizoid: | Moderate |
Schizotypal: | High |
Antisocial: | Low |
Borderline: | Very High |
Histrionic: | High |
Narcissistic: | Moderate |
Avoidant: | Very High |
Dependent: | Very High |
Obsessive-Compulsive: | High |
-- Personality Disorder Test -- -- Personality Disorder Information -- |
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sábado, 14 de junho de 2008
terça-feira, 20 de maio de 2008
O homem com bunda de goleira
Ligando os pontos, cu a cu, elaborou uma teoria precisa sobre a personalidade humana. Ciente do feito, optou por não fazer alarido sobre a descoberta. É evidente que não a levariam a sério -- ainda mais após a fuga do verbo. Além disso, quem ousaria contrariar o poeta e dizer: a tua bunda é um choro eterno, vitimizado e desinteressante?! Ela não. Não, ao menos, enquanto fosse cu doce.
Numa madrugada dessas de outono, ele a convidou para sair novamente. Eu___, exímia coletora de migalhas afetivas, acabou aceitando sob a desculpa: "só vou porque preciso descbrir o que diz aquela bunda! só por isso!".
Encontraram-se na casa de amigos. Entre tantas bundas descaracterizadas por causa da meia luz ou do jogo de sofás, era necessário um certo malabarismo para fitar o alvo em questão. Numa retirada estratégica para pegar mais bebida na cozinha, voltou o seu olhar para sala exatamente no momento que ele se agachava.
"Meus sais! Ele tem bunda de mulher! Que bizarro! É uma bunda de mulher... E... Meus sais, meus sais! E é grande, enorme, muito maior que as coxas, as costas, o quadril. Nossa! Como é que fui me apaixonar por uma bunda à espera de um gol?".
O homem com bunda de goleira deixa um pesado copo de vidro cair no chão. Histeria coletiva predomina no ambiente. Eu____ desmaia sobre o verbo -- festa é um não lugar próprio para o refúgio da ação.
E, finalmente, estava pronta para reencontrá-lo.
Tirou o acento do cu e cobrou alguns pênaltis.
terça-feira, 13 de maio de 2008
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1:04
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- At first we were existentialists.
- We read Sartre and Camus.
- Then Fanon, we became anti-colonialists.
- We read Marcuse and became Marxists.
- Marxist-Leninists.
- Trotskyists.
- Maoists.
- After Solzhenitsyn we changed. We were structuralists.
- Situationists.
- Feminists.
- Deconstructionists.
- Is there an "ism" we haven't worshipped?!
- Cretinism.
- God no. Think of Guo Jing.
- Who was he?
- An archeologist... With a skirt slit to the crotch.
- Even you remember.
- China opens up to the West. She comes on a cultural exchange. The university sends its trusty radical, me... I enter the dining room of her hotel. I spot her, and die. Beauty that could melt Emperor Qin's terra cotta warriors. I order tea, we make small talk. I can see us doing Pekinese lotus.
- The Szechuan dragon.
- To make myself appear intresting, I dive in: "Your country has achieved so much. We're so envious. Your Cultural Revolution is wonderful!" Her lovely black eyes glaze over. I'm mortified to realize that she's thinking, "He's either a CIA agent or the worst cretin in the West." So much for the lotus and dragon. For two years she'd cleaned pigsties on a re-education farm. Father murdered, mother committed suicide. And some dumb French-Canadian who's seen the films of Jean-Luc Godard and read Philippe Sollers says that the Chinese Cultural Revolution, is wonderful!
- Cretinism doesn’t sink any lower.
- Voluntary simplicity. Scrambled eggs with ossetra caviar and fresh truffles. From Tuscany.
- And to stay in Italy, Castello Banfi Excelsus, a modest vintage.
- Why were we so dumb? Are we to infer congenital stupidity?
- Not at all.
- Intelligence isn't an individual trait. It's collective, national, intermittent.
- Oh, a new theory!
- Athens, BC. Euripides premieres his Electra. Two rivals attend, Sophocles and Aristophanes. And two friends, Socrates and Plato. Intelligence was there. Firenze, Palazzo Vecchio, on facing walls, two painters: Leonardo da Vinci and Michelangelo. An apprentice: Rafaello. A manager: Niccolo Machiavelli. Philadelphia, USA. Declaration of Independence and the Constitution. Adams, Franklin, Jefferson, Washington, Hamilton and Madison. No other country has been so blessed. I was born in Chicoutimi, Canada, in.
- It's a miracle you're not dumber.
- Everyone was dumb, in Athens and Chicoutimi. In Italy you'd have supported the Red Brigades.
- Now it's Berlusconi.
- Philadelphia voted George Bush.
- You see, you're not that dumb.
- Intelligence has disappeared, and it can take eons to come back.
- From Tacitus to Dante was what, centuries?
- The Arabs kept intelligence alive.
-True.
- You're not hungry?
- It won't go down.
- And you?
- No thanks.
- I never thought I'd see the day you'd turn down fresh truffles.
- Alas, that day is here.
- A sip of wine?
- Drink to my health and tell me how good it is.
- I'd like to bow out just like Felix Faure.
- Why am I not surprised?
- I can dream.
- Who was he? Why?
- Oh blessed Felix Faure, the President of the French Republic. His heart stopped beating, while his mistress the admirable Madame Steinheil, kneeling before him, bestowed on him the most glorious blowjob of all time.
- My god!
- His enemies gloated: "She seized him, the would-be Caesar and he had a seizure!". Henceforth Madame Steinheil was known as the kiss of death.
- I should be so lucky!
- It's not our fault if your heart is unstoppable.
- I'd like to remind you that at a certain time, I and several others here blew you most heartily, with enough force to capsize a schooner.
- What do you know about blowing boys?
- Well, sir, our efforts earned gushing praise. Heavens, that's hard to swallow.
- I'm beat.
- Go to bed.
- Aren't you coming?
- Not tonight.
- The Middle Ages, the manuscripts... The barbarians, everywhere, tomorrow...
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quinta-feira, 8 de maio de 2008
Numa discussão bastante filosófica (e laica) acerca da morte, minha mãe parafraseou Clarice Lispector. Quando mãe invoca essas coisas, a gente ignora a mulherzice... E posta.
A Hora da Estrela, últimos pontos.
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sexta-feira, 2 de maio de 2008
Enquanto sonhava acordada, Eu___foria percebeu que a vida estava interrompida entre a garganta e o estômago. Pronome e verbo interrogavam-se há quanto tempo a vida não era digerida -- estavam a ponto de falência e urgiam por metabolisá-la. Densas massas de vômito brancas, imensas, eram arrancadas dela pelos braços de outrem e ornamentadas por moscas ao lado de fora do corpo. O verbo, valendo-se da distração dos punhos, saiu em disparada em busca do ____. Pronome ficou contemplando a cena e aguardando o retorno incerto do verbo. Era só o que poderia fazer: sem o verbo não haveria ação.
Eu___ venceu a inércia. Agora, apodrece enquanto ainda sonha acordada.
domingo, 20 de abril de 2008
Hannah Pitt: Shut up! Please stop jabbering for one minute and pull your wits together and tell me how to get to Brooklyn, because you know and you're going to tell me because there is no one else around to tell me and I'm cold and I'm wet and I'm very, very angry. So I'm sorry that you're psychotic but just make an effort. Pull yourself together and take a deep breath.
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quarta-feira, 16 de abril de 2008
quarta-feira, 9 de abril de 2008
terça-feira, 8 de abril de 2008
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Morar sozinha é...
. dormir em cima do laptop (no quarto) e comer em cima dos livros (na sala de jantar);
. amanhecer com dores nas costas por teclar deitada, atirada sobre quatro, cinco ou seis travesseiros;
. maravilhar-se com o fato que a louça não precisa ser lavada imediatamente após cada refeição;
. poder ir visitar um amigo numa madrugada de domingo e não ter que dar explicações o que? onde? como? e por que?;
. adoecer clamando por um colo de mãe e uma canja para a alma;
. dar-se conta que há mais perfumes que garrafas d'água na geladeira;
. ficar se questionando por que diabos saiu da casa dos pais tão cedo!
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terça-feira, 1 de abril de 2008
(freeze)
True love grafado num coração enorme, vermelho (sangue) e... Inacessível.
(unfreeze)
Será que diz respeito ao lado de cá ou de lá do muro?
"um charuto não é (ou é?) só um charuto"(?).
segunda-feira, 24 de março de 2008
Viver é cercar-se do fluxo dos outros.
Extrato da biografia que estou lendo de mademoiselle Simone, cujo discurso feminista, em grande parte do tempo, não ultrapassou a própria boca.
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(hoje, retomei a ferramenta de comentários; ontem, apaguei outro post. E aqui é assim mesmo.)
domingo, 23 de março de 2008
Fermentação
Dois dias sem dormir, nadando e vivendo de peixe, trouxeram-me aqui.
Estou vagando pela selva ágrafa.
Quero escrever as palavras no meu corpo porque elas insistem em fugir de mim.
Fito o espelho ao lado da cama e o que vejo é o cavalo.
humilhado e ofendido.
não me venha com o relho, o que estou precisando é de um afago.
segunda-feira, 10 de março de 2008
sexta-feira, 7 de março de 2008
A menina que bateu o dedo no ventilador.
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- Alô.
- Alô. Mmm... Quem tá falando?
- É a Priscila.
- Oi, Priscila. É a ______, do mercado. Tu esqueceu o teu fichário aqui. Encontrei teus dados na tua agenda e, como não voltou procurando-a, resolvi ligar.
- Ah... Tá. (dou-me conta que estou sem o meu material há dois dias, prossigo.) Mas... Que mercado?
- Aquele... O que tu bateu o dedo no ventilador do refrigerador.
- Ah, sim. Sei. Daqui a pouco, passo aí para buscar. Muito obrigada por avisarem.
- De nada. Até logo.
- Até.
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quinta-feira, 6 de março de 2008
domingo, 2 de março de 2008
Para abrir o corpo e massagear as vísceras.
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Página 63.
(Maria do Rosário Pedreira, enviada pela minha amiga cariocasanguebom, Lou Lou.)
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"amada amiga
são as portuguesas que devoram cada cando do corpo, fazem de nós filete de esperança.... d'outro dia voltar, chegar nem que seja para vir apanhar os livros, soltar as palavras que olvidou-se.
beijocas em ti.
xoxoxoxox
Loulou seu oráculo."
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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
o hesitar e o resolver
- vamos Sofia, uma lágrima só!
Texto: Marguerite Yourcenar, Golpe de Misericórdia.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Várias mortes, um transe e uma vida.
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Eu gosto de gostar (e muito). Quando eu não gosto, não vivo: sobrevivo. As paixões são o meu pulmão, o meu impulso. O amor, minha devoção.
Com as separações, definitivamente, não sei lidar. Os amigos vivem me chamando para despedidas disso ou daquilo - nunca vou. Com a morte, então - que envolve ritos de passagem e desencadeia uma infinidade de questionamentos e reflexões -, é ainda mais complicado. No entanto, desde o nascimento, a minha única regularidade é morrer muitas vezes. De amor, de tesão, de saudade. De chorar, de rir, de odiar... Simbólica ou não, a morte anda me cercando e eu tenho pensado sobre epitáfios.
Simples assim. Várias mortes. Um transe.
E uma vida.
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But when the Night had thrown her pall
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
"Somos uma família estranha. Neste país onde as coisas se fazem por obrigação ou fanfarrona, gostamos das ocupações livres, das tarefas sem importância, dos simulacros que de nada adiantam.
Temos um defeito: a falta de originalidade. Quase tudo o que resolvemos fazer foi inspirado – digamos francamente, copiado – de modelos célebres. Se contribuímos com alguma novidade é sempre inevitável: os anacronismos ou as surpresas, os escândalos. Meu tio mais velho diz que nós somos como as cópias de papel-carbono, idênticas ao original, salvo que de outra cor, outro papel, outra finalidade. Minha terceira irmã se compara ao rouxinol mecânico de Andersen; seu romantismo dá náuseas.
Somos muitos e moramos na Calle Humboldt.
Fazemos coisas, mas contar é difícil porque falta o mais importante, a ansiedade e a expectativa de estar fazendo coisas, as surpresas tão mais importantes que os resultados, os fracassos em que toda família cai no chão feito um castelo de cartas e durante dias e dias não se escuta mais do que lamentações e gargalhadas. Contar o que fazemos é apenas uma forma de preencher os vazios inevitáveis, porque às vezes estamos pobres ou presos ou doentes, às vezes morre alguém ou (custa dizê-lo) alguém trai, renuncia, ou entra para a Direção do Imposto de Renda.(...)"
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Queria comentar acerca (mas tenho preguiça):
10) da Aline Wanessa, a Nazaré Afro do Madre Pelletier (na época da pesquisa do ODH);
9) do aquecimento das paredes frias do novo apartamento e da fase que dormia no chão da sala, num cantinho;
8) das duas solidões acompanhadas que vi ali na rua da República noutro dia;
7) de como não me sinto sozinha no banho porque enxergo os outros prédios;
6) das tabas e das canastras no Gaspar (e das gargalhadas sobre o caso da mulita);
5) de como guardo mágoa de caboclo e estou puta com dois ou três;
4) das podridões do sistema bancário e da minha moratória;
3) dos porquês das deleções dos posts, dos perfis e da vida;
2) da falta que sinto de ficar calada enquanto o marcelo fala pelos cotovelos;
1) das distribuições espaciais e o poder que têm sobre mim.
(estou mais para a contemplação que para qualquer outra coisa.)
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Eduardo P. Coelho (de novo) através do olhar de Mme. Lou lou, cujos e-mails são praticamente o meu oráculo do cotidiano.
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Os pares corriam contra as paredes- e embatiam nelas. A chuva ouvia-se lá fora.
Estavam fechados num barco, numa casa de campo, num bar à beira da estrada.
Dançavam sobre pregos e facas, lançando berlindes para iludirem a dor.
Ele soltava gemidos ofegantes. Ela lançava sobre o rosto amado a massa densa dos
cabelos um tecido granuloso de compaixão e ódio. Corriam à espera de uma palavra,
de um momento de paz, de uma fresta abrindo-se na tempestade.
Exaustos, esvaídos de energia, mergulhados no filtro do amor, erguim-se
os olhos vazios como lâmpadas apagadas e corriam contra as paredes,
batendo nelas com as mãos.
(Eduardo Prado Coelho, a razão do azul.)
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