mas não posso. tenho que antropologizar.
ilustração: m.k.
sabes do primeiro sopro?
da inspiração que finda num suspiro
rasgando a densidade que rodeia o ar?
O que eu vejo é distorcidbo; é multiplicado;;; borrrrrado. As minhas lentes são mágicas e agora me dizem que isso não tem nada de fantástico: é uma doença. UMA DOENÇA. Por que insistem em calcular o meu desvio? Por que não consigo com que vejam alguma nobreza nas minhas imperfeições? a singularidade está toda ali, não está? no meu sino dobrado, nas minhas cicatrizes grosseiras do pulso, peito e pernas. Existe harmonia na deformidade que alcança o espelho e por isso alguns me elogiam. Eu queria gritar Não gosto, não gosto, mas o meu sorriso e gentileza diante da lisonja me traem. Porque nada é aquilo que me dizem. mas também nada é isso que pareço ser. acho que a verdade não tem foco.
PS: até quando?
PS: fora "conceitual" e por e-mail? mon dieu! sem dúvidas a tecnologia anda mais traiçoeira que a tubercoluse da spleen generation. ah, "o amor em tempos de msn: decifra-me ou eu te deleto" -- como diria o último colhudo do universo, Xico Sá.
SAP: "A linguagem é um labirinto de caminhos. Tu entra de um lado e sabe onde tá; tu chega de outro lado ao mesmo lugar... e não sabe mais onde tá."
poisé.
PS: pela gafe em achar (por um bom tempo) que o loiro aí era alemón. mas, imagina... A Áustria era O lugar -- pra tudo -- no séc. XX. ai, mongas.
Rosa Montero.
P.S.: lembro (detalhadamente) do João Ubaldo Ribeiro lendo este trecho de "Amor ciego" num programa do People + Arts há quase uma década. nunca esqueci. eu só me sei diante dos textos rasgados em mim: quando a memória opera no meu corpo cicatrizando o tempo. ontem, por exemplo, choveu. os pontos se contorceram em fisgadas agudas alterando a sensibilidade, evidenciando a costura. então senti os choques. então: sen_______ti.
Se procurar pelo autor da frase, não encontrará registro algum. Nada. Nem poeira de caracter nem vestígio de pixels. Não adianta especular, consultar os universitários ou buscar no googleráculo. Essa frase, existindo aqui nos meus registros, é como se nunca tivesse existido. Mas ela existe, sim. Em algum rincão virtual, está no /carrrne entre 2005-2009.
Trepanação, VLFN, guerra, Flaming Lips, Gamboa, Alcione, podridão, candura, breguice, Jodorowsky, Mano Lima, Roberto Carlos, carneirinho, Carneirinho, Bethinha, Carneirão, Jesus, Beck, monstro do abajur, BEC, Lamounier, Sopranos, Sônia Rocha, Rangel, sóbrios, bêbados, bárbaros, lhamas, capivaras, Tinico, flyers, Inter, amores, império, implicâncias, grosserias... Carne, carne, carne, lã e muita carrrne.
É evidente que foi paixão à primeira interrogação. Não que lá objetivamente estivessem -- até porque o /carrrne estava cansado de se auto-referir como: "eu sou um aleatório". Contudo os posts eram irremediavelmente uma provocação, fossem pelas imagens (convencionais, imagéticas) ou pela linguagem (própria -- repleta de regionalismos, gírias, neologismos --, humor, senso crítico e qualidade literária de muita).
Há pouco mais de um ano que eu descobri que a carne era saborosa, dava barato e viciava. Mas também que comendo carne (freqüentemente) se moía vidro. Achei contraditório, incoerente e detestável. Por isso amei e virei fã -- daquelas que tinha grafado no (jurássico) papel de agenda as datas (e algumas frases soltas) dos posts que mais gostava e não desistiu até que os amigos vissem todas as maravilhas que via.
Toda essa memória e dimensão da carne tá perdida por aí no estômago de algum banco de dados -- se é que já não foi digerida. Mas sem chororô porque desapareceu da melhor forma possível, aleatoriamente -- do jeito que começou. Inesperado, rápido e rasteiro. Surpreendeu todo mundo, inclusive ele próprio. Golpe de mestre!
Vida longa à carne nova então!
(ou não!)
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/dercy_vive. Fotolog.com. 26/03/09.